Paulo Souza. Foto: Gazeta Esportiva

Os primeiros 30 dias de Paulo Sousa no futebol brasileiro

Técnico português enfrenta pressão em início de trabalho no Flamengo

Estamos na segunda semana do segundo mês de 2022. Desde a reapresentação dos jogadores do time principal, são exatos 30 dias que o técnico Paulo Sousa está trabalhando no Flamengo. E, apesar disso, já tem gente questionando o sistema implantado na equipe e com dúvidas com relação ao futuro rubro-negro na temporada. Quanta pressa!

É bem verdade que o Paulo Sousa não era o preferido nem da diretoria, muito menos do torcedor. Também é sabido que ele chegou com a pressão de uma temporada em que o Flamengo não levantou nenhuma taça nas principais competições que disputou e que, no dia 20, terá pela frente um duelo direto com o Atlético-MG, pela Supercopa. Ou seja, pressão por todo lado. Que cresceu com a derrota para o Fluminense, no último domingo (6).

De novo, como no Brasileirão do ano passado, o Flamengo dominou o jogo e levou um gol no fim – no returno da Série A, o Tricolor fez 3 a 1, em dia de John Kennedy, mas o Rubro-Negro entrou com um time misto, por opção do Renato Gaúcho, e o Fluminense, que não tinha nada a ver com a história, fez muito bem em aproveitar e vencer até com facilidade. Mas voltando ao Paulo Sousa, essa terceira derrota num Fla-Flu mexeu e dividiu o torcedor da Gávea. Porque foi, também, um teste para o esquema de jogo que o técnico português quer implantar.

A começar pelos três zagueiros, que aqui no Brasil não é um esquema muito praticado. Quem sabe esse ano passe a ser, mas até agora aparece como uma prática pouco vista. E com a carência de jogadores para o setor, Felipe Luiz acaba sendo um dos escolhidos para a função. Abre espaço na lateral e quem aparece? Everton Ribeiro, que era titular absoluto lá na frente, mas que terminou a temporada sendo questionado. E na volta, surge de ala esquerdo! Pois é. Mas poucos sabem que, quando começou no Corinthians, ele era lateral esquerdo. Então, calma com as críticas.

O trabalho do Paulo Sousa, pra mim, sofre com uma visão até agora distorcida dos dirigentes do Flamengo. Por que reforçar tanto o ataque? Há pelo menos um ano se sabe que as carências rubro-negras são nas duas laterais, na zaga e, até mesmo, na cabeça de área. E faz tempo que o clube não contrata um bom nome para essas posições. Sou favorável à chegada do Andreas Pereira, à contratação do Marinho e a uma reposição para a saída do Michael – isso se não houver alguém da base em condições para suprir essa carência. No mais, que venham reforços para outros setores. E aí, sim, os críticos poderão avaliar melhor as ideias do treinador.

Nestes 30 dias à frente do time, o português não teve a equipe considerada titular na mão. De qualquer forma, no primeiro tempo contra o Fluminense, deu para ver que virão novidades táticas, de movimentação e de qualidade, facilitadas pelos jogadores que o Flamengo dispõe. Me pareceu faltar força ofensiva, apenas com o Gabi (gol) na frente. O Campeonato Estadual não é considerado competição importante no calendário rubro-negro, mas é capaz de demitir técnicos – o Abel Ferreira, ano passado no Palmeiras, balançou. Perder clássicos e virar chacota para os rivais pode minar a paciência do torcedor. E não custa lembrar que vencer o Cariocão esse ano dará ao Flamengo um tetracampeonato inédito. Na era profissional e do Maracanã, será o primeiro. Fluminense e Botafogo, ainda como amadores, já ostentam essa conquista.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2022-02/coluna-os-primeiros-30-dias-de-paulo-sousa-no-futebol-brasileiro

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Humberto Pereira

Jornalista Responsável - Registro - 13759/DF